Atenção 1º Período

terça-feira, 27 de abril de 2010

Alunos do 1º período, vocês devem trazer para aula desta terça-feira (27/04/2010) uma matéria de jornal impresso. Escolha a reportagem de qualquer editoria e traga para a aula da professora Indiara.

Não se esqueçam!

O Português vencedor...

terça-feira, 20 de abril de 2010


Mário Baptista Soares Linhares, 57 anos, nascido em Chã -Penacova (Portugal). Começou sua trajetória de vida cedo, pois a única coisa que seu pai poderia te dar era uma enxada para ele trabalhar na fazenda. Depois daquelas palavras (a única coisa que posso te oferecer é uma enxada) que seu pai te disse resolveu se mudar para São Paulo para tentar mudar sua história.

Com muita luta consegue um emprego num hotel cinco estrelas, onde na maioria das vezes ia para o trabalho para se alimentar, pois seu salário mal dava para pagar a sua hospedagem na pensão onde viveu por vários anos.

Trabalhava quatorze horas por dia, mas depois de alguns anos foi bem recompensado pelo seu esforço. Subiu de cargo na empresa, teve a oportunidade de conhecer e trabalhar com várias pessoas importantes, famosos, como o rei Roberto Carlos, Zico, Pelé.

Hoje, aos seus 56 anos, se sente realizado, pois conseguiu atingir seus objetivos, com muita luta, sempre procurando ajudar o próximo. São 25 anos de sucesso. Ele mesmo conseguiu administrar seu próprio restaurante, “Mariu´s Buffet & Restaurante”.


JÉSSIKA - Qual sua filosofia de vida atualmente? Não pergunto tanto por conceitos, mas por uma idéia geral da sua forma de encarar a vida.
MÁRIO – A minha filosofia de vida, neste momento é ouvir, procurar tirar o máximo de aproveitamento daqueles que trabalham comigo, sem tomar partido ou posição de pessoas individuais.

JÉSSIKA – Quais projetos pessoais ainda que não teve oportunidade de iniciar ou de concluir?
MÁRIO – São Fazer um curso de Informática e montar um negócio fora do local onde trabalho, Uirapuru Iate Clube.

JÉSSIKA – Quem você gostaria de ser, se não fosse você mesmo?
MÁRIO – Jô Soares, pois ele tem uma inteligência fantástica, apesar dele nem estar sabendo mais o que anda fazendo.

JÉSSIKA – Qual o lema de sua vida?
MÁRIO – O lema da minha vida é concluir minha aposentadoria e curtir a vida com meus familiares, e recuperar o tempo que perdi trabalhando.

JÉSSIKA – Como foi para você trabalhar com pessoas importantes, famosos, como o rei Roberto Carlos, Pelé entre outros?
MÁRIO – Bom, trabalhar em Hotéis cinco estrelas, conhecendo artistas e outros ícones da mídia foi gratificante, pois jamais pensava chegar próximo a eles como cheguei. Até brindei com o rei Roberto Carlos em plena virada do ano.

JÉSSIKA – O que levou você a se torna um microempresário? Ou melhor, que fatores o motivaram?
MÁRIO – O fato mais importante que sempre achei foi dedicar-se de duas a quatro horas a mais do período normal do meu trabalho, com ambição de crescer, acreditando superar os obstáculos com humildade.

JÉSSIKA – Motivo de orgulho?
MÁRIO – Sim, sinto-me orgulhoso por chegar aonde cheguei, ser conhecido como sou. Consegui tudo como consegui com bastante luta.

JÉSSIKA – Prioridade?
MÁRIO – A minha prioridade sempre foi meu trabalho. Pois se não fosse ele, não teria conseguido tudo que tenho hoje.

JÉSSIKA – Com tão pouco estudo, qual foi a maior dificuldade que você encontrou?
MÁRIO – A maior dificuldade é você conseguir das pessoas aquilo que você quer, com respeito e dignidade.

JÉSSIKA – Uma frase?
MÁRIO – A humildade é o primeiro degrau da vida, juntamente com a perseverança.

Davi - O Guerreiro das Ruas

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Por: Rafell Carneiro

Hippie, aos 30 anos de idade, negro, cabelos cacheados, olhos escuros e roupas simples. Assim ele se apresenta, quase que anônimo em meio a tantos rostos que circulam pela Praça Rui Barbosa todos os dias. Por quantos preconceitos passou, já perdeu a conta. O que esconderia em seu sorriso?
A admiração me percorreu a alma ao observar seus trabalhos expostos à venda na praça, colares e pulseiras feitas apenas com sementes e cordas, verdadeiras esculturas de bambu e durepox. Em sua sacola, pedras das mais variadas formas e em seu rosto, histórias a contar.
Davi, que já foi artista circense, dá alfinetadas no mundo capitalista, diz coisas que surpreendem a todos, mostra sua força e sua visão completamente diferente de encarar a vida.
Despojado, olha as pessoas que entram e saem das casas, enquanto ele dorme na rua, sem endereço. Seu sobrenome permanece no mistério. Um passado não escrito, um futuro incerto, mas uma convicção. Qual seria? É o que vamos descobrir agora nesta entrevista feita sem roteiros ou formalidades em um simples bate-papo.


1)Vendo agora seus trabalhos, me vem perguntas à mente, como você classificaria a sua arte? Qual é sua fonte de inspiração para criá-los?
“Eu viajo por vários lugares do Brasil, conheço pessoas, vejo as coisas, saca? Conheço Acre, Roraima, Tocantins, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, aprendo as coisas e crio tudo sozinho, imagino, invento, é tudo no improviso e no sentimento. Isso aqui, isso é arte brasileira mesmo, nacional, é cultura, pena que não é todo mundo que sabe valorizar.”

2)E o que você tem aprendido por aí nessas viagens, conhecendo quase o Brasil inteiro?
“Inteiro não, porque o Brasil é muito grande, sabe. A gente vai acabar morrendo e não vamos adquirir o tanto de conhecimento que a terra tem para nos proporcionar. Porque...ainda mais esse mundo de hoje não é? Que são outros propósitos, entende? Mas se você viaja, consegue um aprendizado ainda maior, uma visão de identidade que quem está parado não é capaz de entender. Sua visão de mundo é outra. O que você quer buscar você tem que ter um propósito para conseguir.”

3) E qual é o seu propósito?
“O meu é o conhecimento. E quando chegar minha hora de partir, vou deixar tudo para nossa “mãe”, que é essa maravilha que nos dá tudo.”

4)Pelo que entendi, você se refere à “Mãe Terra”, certo? Qual seria o significado dessa simbologia?
“Chamo de “mãe” porque a terra representa a vida. Tudo o que se planta nasce, cresce, reproduz e morre. Somos filhos da terra porque nascemos aqui, precisamos dela para nos alimentar e assim que morremos, perdemos essa carne e retornamos a ela, é um ciclo. Não há nem bem nem mal. É natural.”

5)Então na sua concepção, o ser humano é como um animal?
“Exatamente. Isso aqui é o Jardim do Éden que o ser humano não soube cuidar. A diferença é que nós temos o conhecimento, a razão. Achamos que somos melhores que os animais e, por conta disso, destruímos, criamos, nos servimos deles, mas terminamos do mesmo jeito. Temos traços em comum com os bichos, mas nossa hipocrisia é tanta que acreditamos ser “donos” desse mundo, não somos donos de nada. Vendemos nossa liberdade, todos os dias.”

6)E você se considera um homem livre?
“Eu? Hahaha. Tento ser, mas não sou. Como pode ver, também vendo minhas coisas. Temos de nos adaptar, não dá para viver distante desse mundo, mas faço tudo do meu jeito, como quero, quando quero, as pessoas que se identificam elogiam, compram. Mas a liberdade está além de depender do dinheiro. Eu não uso relógio.”

7)Quer dizer que as pessoas tornaram-se escravas do tempo?
“Sim. Horário de acordar, de dormir, ir para a escola, de trabalhar. Interessante como nunca ouvi falar do horário de pensar por conta própria. Constroem um enorme sistema e te dão um relógio. Você não manda mais no seu tempo, nem na sua vida. Você se vende das 8 da manhã até o meio-dia. Come a sua ração e volta para se vender novamente até o final da tarde. Volta para casa, liga a televisão e só quer se distrair, livrar do cansaço dentro dessas paredes frias de concreto.”

8)E você acredita que em algum momento as pessoas possam “acordar” e mudar esse estilo de vida? Seria a “queda do sistema?”
“Não creio que isso aconteça com todo mundo. É algo que ocorre aos poucos. As pessoas se acostumaram ao luxo, à riqueza. Elas substituíram a terra vermelha pelo chão de cimento. Vão ocorrer mudanças sim, muitos vão acordar, mas existem pessoas, certas pessoas, que têm interesse em manter isso aqui como está. Elas lucram com a nossa mediocridade, seus filhos estudam no exterior enquanto os pais ficam aqui, mantendo o poder e contribuindo para empobrecer a nossa cultura.”

9)Quanto à educação, já freqüentou alguma escola? O que acha do ensino que é passado nos colégios e nas universidades?
“Quando era mais novo, moleque, eu fui à escola, fiz até a sétima série. Mas parei, era muito monótono. Não era pra mim. Nem sei como é hoje, mas no meu tempo e ainda acredito que ainda seja assim, o ensino é fraco. Os alunos são tratados como seres coletivos, e não individuais ou independentes, vejo isso até pelo uniforme. Dá uma impressão de todos seguirem as mesmas idéias, impostas por um professor e em geral copiadas de algum autor por aí. Nada se cria, é tudo copiado, me faz pensar: E as habilidades individuais? Onde ficam? É aí que o professor finge que ensina e o aluno faz de conta que aprende.”

10)Dá para perceber que muita gente ainda não chegou a essa maturidade, de entender a vida dessa forma, já pensou em escrever um livro?
“Sim, já estou escrevendo, cheguei até o capítulo 30. Vai ter o meu nome, Davi, que ao contrário também pode significar Vida. É uma das minhas missões, aprender e repassar. Mas ainda não sei quando ficará pronto.”

11)Sucesso com o livro! Além das andanças pelo país, o que mais você fez?
“Já trabalhei no circo também, era malabarista e também fazia o palhaço. Mas decidi seguir meu próprio caminho. Não gostava dos maus tratos aos animais, que por sinal existem até hoje.”

12) Como você acredita que o povo encara seu modo de vida?
“Ainda existe muito preconceito, muita gente olha torto e não se aproxima, acha que nós hippies somos bandidos, besteira, não é? Não somos mendigos, nunca pedimos nada, a rua é livre e temos o direito de trabalhar nela, de vender os nossos trabalhos. Nunca perturbamos ninguém, vivemos na nossa paz e é justamente isso o que pregamos. No Brasil, esse país gigante, não deviam nos julgar, somos uma mistura de povos, de raças, eu tenho origens do sangue lá da África, você parece ser europeu, estamos conversando agora, não é? É assim que deveria ser.”

13) Você tem alguma mensagem para mandar às outras pessoas?
“Eu quero que cada um descubra o seu caminho. Pode ser diferente do meu, isso não tem importância. Cada ser humano é um guerreiro. Tem que lutar por algo e sou feliz na minha busca pelo conhecimento, que cada pessoa possa encontrar essa felicidade, não pelo lado de fora, mas bem aqui, pelo lado de dentro.”

Pioneiro: nome que virou marca

Por: Vinícius Silva

Vencer as barreiras sociais, eis um exemplo de superação do Administrador de Empresas, Empresário e Supermercadista Wagner dos Reis Silva. Nascido em Veríssimo, Minas Gerais, lembra que aos 15 anos deixou sua cidade natal e veio em busca de um sonho: a melhoria nas condições de vida da família. Proprietário da Rede Pioneiro de Supermercados, ele conta que trabalhou fortemente na realização de seus anseios para conquistar um grande império. Hoje, um dos empresários e cidadãos mais conceituados de Uberaba, segundo pesquisa da Revista Jockey Club de Uberaba, Wagner dos Reis é também um personagem notável por conseqüência da sua história de vida. Um brasileiro que venceu as próprias barreiras sociais, e tornou-se um exemplo de superação.


1) Sua história é bem parecida com a de muitas outras pessoas que durante a infância tiveram uma vida difícil, mas que, com o passar do tempo, conseguiram alcançar seus objetivos. A que se deve tamanho salto?
Deve-se ao fato de sempre querer crescer na vida, pois no local onde morava não tinha como trabalhar e estudar ao mesmo tempo, mas em Uberaba tive essa oportunidade. Nessa cidade, foi a primeira que vesti uma calça nova, sem estar estragada e pude realizar meu sonho de adolescência, que era comprar um motorádio, o micro-system de hoje.

2) O que você destaca como pontos essenciais ou virtudes para uma mudança de vida sócio-econômica e cultural?
Persistência, Dedicação e Comprometimento. É preciso muitas vezes abandonar o lazer em certos momentos da vida, pois se formos conciliar as duas coisas não conseguimos crescer na vida, não chegamos a lugar algum.

3) Como você avalia essa mudança pessoal e profissional?
Muito positiva e que só foi possível contando com muito trabalho e sorte. Fui um “camarada” de sorte! Todos têm a oportunidade um dia. “O cavalo passa arriado para todos e você não pode deixar de montá-lo”. A honestidade é a virtude mais importante do ser humano, é só com ela que conquistamos tudo aquilo que queremos.

4) O relacionamento familiar desde a infância até os dias atuais continua o mesmo?
Positivo. Sim, a família é essencial para o crescimento de qualquer pessoa, em qualquer situação, boa ou ruim. É o nosso apoio, sempre.

5) Há algum desejo não realizado, sonho não conquistado?
Eu quero crescer ainda mais profissionalmente e pessoalmente, mas já avancei bastante. Melhorando cada vez mais o relacionamento com as pessoas, pois isso faz toda a diferença, principalmente a convivência com pessoas diferentes. Tenho o sonho de ser prefeito da minha cidade, Veríssimo.

6) Qual era a sua intenção ao tentar ingressar na carreira política, quando se candidatou a prefeito da sua cidade natal?
O único objetivo era trabalhar em prol dos menos favorecidos em beneficio da sociedade, sem levar nenhuma vantagem financeira ou status social. Este é um dos motivos pelo qual não venci a eleição.

7) Como você analisa o consumismo nos dias de hoje, isso influencia de alguma forma o comércio?
Traz um ganho momentâneo para o comércio, mas uma perda para as pessoas consumistas em excesso, pois se endividam descontroladamente, deve-se guardar ao menos 10% do que se ganha. Devemos viver mais com a realidade que nos cerca e deixar de lado as coisas supérfluas.

8) Você considera Uberaba uma cidade promissora?
Sim, porque está em pleno desenvolvimento e crescimento, tanto pela posição geográfica e quanto pela riqueza do município.

9) No momento, ajuda alguma instituição filantrópica ou participa de algum projeto educativo sem fins lucrativos para a comunidade?
Creche Comunitária Maria Rosa de Oliveira e um asilo em Veríssimo, mais a minha família. Porém, acredito no seguinte ditado: “Não dê o peixe ao homem e sim a vara para pescar”.

10) Como empresário e administrador o que você faz para reverter os efeitos de fenômenos climáticos, como o aquecimento global?
Trabalhar sempre com os pés no chão analisando o presente e o futuro.

A NECESSIDADE DA RESPONSABILIDADE SOCIAL

Por: Izabel Durynek

O Conselho Nacional de Justiça e o Supremo Tribunal Federal lançaram em 2009, o programa “Começar de Novo”, que busca sensibilizar a população para a necessidade de reinserir no mercado de trabalho e na sociedade, presos que já cumpriram suas penas. O empresário Nabi Gouveia há anos vem trabalhando com um sistema parecido, dando oportunidade a presidiários em regime aberto e semi-aberto. Pessoas que mesmo tendo cometido algum ato ilícito têm a oportunidade de serem introduzidas na sociedade novamente. Seres humanos que têm direitos e deveres.

Izabel – O que o levou a aderir a este sistema?
Nabi Gouveia – Sou integrante do Rotary Internacional – RC de Uberaba Norte e um de nossos objetivos é a valorização do ser humano. Em reuniões com companheiros, discutindo o tema, lembramos que praticamente todos os órgãos públicos e ONGs que fazem trabalho comunitário assistencial, estão voltados a menores carentes, idosos e famílias. Notei que não faziam parte da lista, os presidiários e que se fazia necessário o apoio da comunidade também a eles.

Izabel – Os presidiários precisam do apoio da sociedade. Por quê?
Nabi Gouveia – São seres humanos. Como todos, amam, odeiam, e que cometeram erros, mas todos nós somos passiveis de erros também. Qualquer um de nós, dependendo da circunstância, está sujeito a matar.

Izabel – Quais foram as criticas feita por amigos e empresários?
Nabi Gouveia – Algumas pessoas ficaram chocadas. Fui chamado de doido.

Izabel – Diga com que tu andas que eu ti direi quem és. Teve medo que os detentos influenciassem os funcionários?
Nabi Gouveia – O ser humano é vulnerável. Presidiários ou não, quando exposto às oportunidades e necessidades pode ocorrer as surpresas. Nesse sentido é feito dentro da empresa, um trabalho voltado para a conscientização dos problemas causados pelas drogas, DSTs e saúde do trabalhador. Entendemos como dever de qualquer empresa, esse trabalho que no nosso caso, se estende também aos detentos.

Izabel – Você acredita na recuperação deles?
Nabi Gouveia – Sim. Todos os envolvidos nesta parceria estão empenhados nisto. Até porque em muitos casos não se trata de recuperação e sim de reintegração na comunidade.

Izabel – Existem casos de pessoas que não se adequaram aos resultados propostos pela parceria?
Nabi Gouveia – Sim. Como tudo na vida, alguns resultados não são como se espera. Os casos de usuários de drogas, por exemplo, entendemos que é muito mais um caso de doença que de crime. Daí a necessidade de o cidadão ser tratado e não aprisionado como ocorre hoje. A interpretação do sistema penal ainda hoje é pela cadeia, porém entendemos que a recuperação seria mais viável via tratamento.

Izabel – Para você o que significa a palavra perdão?
Nabi Gouveia – Perdão é algo muito especial e muito pessoal. A gente desculpa, compreende, mas perdão quem dá é Deus. É por isso que existe lei, pena e prisão.

Izabel – O Brasil está preparado para recuperar nossos detentos?
Nabi Gouveia – A sociedade se prepara para enfrentar a situação de uma forma muito triste. O mercado de equipamentos de segurança domiciliar cresce numa velocidade assustadora e o crime também. E nós enquanto cidadãos, estamos nos preocupando em melhorar a nossa segurança enquanto são ineficazes os mecanismos de conter a criminalidade.

Izabel – O que você diria sobre o preconceito9 da sociedade em relação ao presidiário?
Nabi Gouveia – Um engano existe por razões diversas, mas precisamos enfrentar. O preso de hoje poderá ser nosso vizinho amanhã ou ter um filho que estudará na mesma escola que os nossos filhos. São seres humanos.

Izabel – Para finalizar o que você falaria a sociedade ou aos empresários?
Nabi Gouveia – Não só ao empresário para aderir ao sistema ou a sociedade par que não tenha preconceito, mas todo ser humano deveria preocupar-se com a melhoria do próximo. Devemos atrair a juventude para o bem. Hoje um jovem de 16 anos, na prática está impedido de trabalhar formalmente, mas uma criança de oito anos trabalha para o tráfico normalmente. O que está errado? É o momento de a sociedade refletir. O legislador faz a lei a partir dos anseios da sociedade. Precisamos direcionar os nossos jovens. Eles têm as suas necessidades e carências. E entre elas está o trabalho. Manter o nosso jovem fora do mercado é um grande risco.

“Tia Heigorina”, sustentabilidade cultural.

Por: Mariana Alves

Heigorina Cunha nasceu na cidade de Sacramento, Minas Gerais, filha de Ataliba José da Cunha e Eurídice Miltan Cunha mais conhecida como Sinhazinha. Sobrinha de Eurípedes Barsanulfo, homem importante que fundou o Colégio Allan Kardec, primeiro colégio espírita do Brasil. Era uma criança saudável, mas desenvolveu paralisia infantil e ganhou limitações, pensava de que forma Deus a ajudaria mais de perto, e com toda sua força de vontade de voltar a andar, e sua imensa fé, passou a sentir a presença de benfeitores espirituais, com a fé neles e a força de Deus, chegou à mocidade andando. Pessoa especial que diz ter sido levada à cidade no além, nomeada ‘Cidade Nosso Lar’, onde fez desenhos e procurou entender melhor a mesma, mantendo diálogos com o médium Chico Xavier, quem dava a ela as explicações necessárias sobre essa curiosa cidade por ela visitada. Tia Heigorina faz parte da cultura de Sacramento, por ser sobrinha de Eurípedes, e ser uma pessoa marcante do espiritismo devido a manter viva a tradição de visitações em sua Chácara, recebendo pessoas do mundo inteiro, para fazerem juntas suas orações.


Mariana - Sabemos que hoje para Sacramento, é referência aos espíritas de todo o mundo, mantendo viva a memória de seu tio Eurípedes, e sempre levando adiante muita caridade. Como se sente em relação a isto?
Heigorina - Sinto-me feliz, por trazer desde a infância, uma prova difícil, e ter Ele (Eurípedes) no Plano Espiritual um Benfeitor amigo.
A progressão é de meus pais...
Meu anjo maternal, Sinhazinha, sendo irmã e trabalhando doze anos com tio Eurípedes, nos colocou nas tarefas, que nos compete até hoje, e que do “Plano Maior” continua coordenando o trabalho da Seara de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Mariana - Falar em “Tia Heigorina”, para muitos é sinônimo de acolhimento, de visitação e de paz espiritual. Acredita que as pessoas que passam por aqui, levam seu espírito aliviado?
Heigorina - As pessoas que se aproximam, tratando carinhosamente de tia, é que nos transmite esta paz de Jesus, que nos afirma: Minha paz vos dou, a minha paz vos deixo.

Mariana - Sabemos que sofreu um tempo de paralisia infantil, mas já chegou à mocidade andando, e que foi pela confiança de pensamento, confiança em Deus, e a ajuda de benfeitores espirituais que isso foi possível. Como descreveria esta ajuda desses benfeitores?
Heigorina - Não só tive a alegria de ter o tio Eurípedes nos auxiliando, até hoje, na trajetória da vida, como também o abnegado médico espiritual Dr. Bezerra de Menezes, a quem sou devedora eterna e grata.

Mariana - A senhora acredita que qualquer pessoa pode ser ajudada por esses benfeitores espirituais desde que tenha fé?
Heigorina - A fé, disse o Cristo: “Transporta montanhas”. Estas pessoas têm fé Nele (Eurípedes), e no “pedi e obtereis”; o qual disse Jesus, sendo Ele o apóstolo do Cristo, socorre a todos que pedirem com fé.

Mariana - Tempos depois à morte de sua mãe, diz ter tido uma experiência muito profunda de um espírito levá-la a cidade “Nosso Lar”, como poderia nos descrever esta experiência?
Heigorina - Uma experiência maravilhosa, onde vi a cidade com alguns detalhes, que guardei ao despertar em pleno amanhecer, quando o Espírito que me acompanhava convidou-me a regressar a terra.

Mariana - Alguma vez, sentiu medo de não acordar desse sonho onde visitou este outro plano?
Heigorina - (Risos) Quem me dera não acordar, não voltar de lá.

Mariana - Depois desta visita a cidade “Nosso Lar”, sabemos que a desenhou duas vezes, qual era exatamente a diferença entre os dois desenhos?
Heigorina - Não fiz dois desenhos de “Nosso Lar”, trouxe o primeiro que é uma planta completa e depois os detalhes. Por ser uma “Cidade Espiritual” não dá para fazê-la toda.

Mariana - Em um dos desenhos que fez, disse ser a ‘planta baixa’ da mesma, o que seria isso?
Heigorina - A planta baixa da cidade é o desenho do foco somente da parte mais importante da cidade, a parte que tem o formato da estrela, em que cada ponta caracteriza-se um Ministério.

Mariana - Quando levou este desenho até Chico Xavier, ele disse ser o Plano Piloto, como definiria isso aos leitores?
Heigorina - É justamente esta ‘planta baixa’, onde é o foco principal da cidade onde se encontram os Ministérios, sendo eles: Ministério da Regeneração; Ministério do Auxílio; Ministério da Comunicação; Ministério do Esclarecimento; Ministério da Elevação; Ministério da União Divina.

Mariana - Podemos considerá-la médium, devido a estas experiências, quais os tipos de mediunidades?
Heigorina - Referindo à mediunidade, todos nós somos médiuns. A mediunidade não é de seitas e sim o sexto sentido do ser humano. Uns tem mais acentuado outros menos. É um dom divino!

Mariana - Para as pessoas que não são da doutrina espírita, mas que se interessam pelo assunto, como poderia descrevê-la, diante destas experiências incomuns?
Heigorina - A terra é um planeta que tem o dia e a noite. No período noturno a “Alma” está semi-liberta e pode visitar o Plano Espiritual, enquanto o veículo físico dorme, e assim trazer todas estas revelações ou simplesmente visitar o Mundo Maior.
Alguns trazem recordações, outros não.

Mariana - Sabemos que todos os anos durante os dias de carnaval, Lima Duarte vai até sua chácara, ele vem apenas pelas orações, ou também por conhecê-la e gostar de visitá-la?
Heigorina - Lima Duarte é nosso conterrâneo e adora vir à nossa Sacramento, em seu berço natal, orar e estar com todos recebendo esta vibração de amor, e respeita muito a memória de tio Eurípedes, declama o poema Deus, com muita emoção.
Adora ir também ao Desemboque, onde nasceu.

Escrivão a mola mestre da Delegacia

Por: Tiago Maiolino

Luiz Augusto de Deus, escrivão da policia civil há dez anos ocupou o cargo de chefe dos escrivães, hoje aposentado e ainda em atividade na 15ª DRSP de Minas Gerais, o mais antigo servidor público da delegacia de policia de Uberaba/MG, concedeu esta entrevista ao Revelação, falando do seu dia-a-dia no trabalho, em prol da sociedade uberabense, onde iniciou sua carreira em 1981 e aposentou em 2009.


Tiago Maiolino - O QUE LEVOU O SENHOR A INGRESSAR NA CARREIRA DE POLICIA CIVIL?
L A D - Na ¬¬¬¬¬época os meus pais passavam por um período muito difícil, cheio de recessão e repleto de inflação monetária, sendo que as oportunidades de trabalho estavam cada vez mais escassas e quando surgiu a abertura do concurso público, isso no mês de setembro de 1980, resolvi inscrever-me e tive sorte em ser aprovado e abraçar a carreira de escrivão de polícia.

Tiago Maiolino - EM SUA OPINIÃO O CARGO DE ESCRIVÃO É ESTRESSANTE?
L A D - Toda a profissão e todo o ofício têm suas nuances positivas e negativas. E cansativo às vezes o desempenho da função, porém, devemos ter sempre o cuidado de saber dissociar uma coisa da outra e não deixar com que o exercício da função se torne um stress, sendo antes de tudo, muito prazeroso e gratificante.

Tiago Maiolino - É POSSIVEL IDENTIFICAR O BOM FUNCIONÁRIO DENTRO DE UMA CORPORAÇÃO, COMO A POLÍCIA CIVIL?
L A D – O bom funcionário se destaca dos demais, sendo fácil a sua identificação.

Tiago Maiolino - QUE BALANÇO O SENHOR FAZ DO SEU TRABALHO FRENTE À DELEGACIA?
L A D – Um balanço positivo, pois procuro executar meu trabalho com responsabilidade, competência e honestidade.

Tiago Maiolino - QUAL A SUA OPINIÃO SOBRE A UNIFICAÇÃO DAS POLICIAS NO BRASIL?
L A D – Extremamente benéfica. Nos países de primeiro mundo a experiência já foi vivida e implantada, tendo apresentado bons e ótimos resultados.

Tiago Maiolino - O ESTADO CUMPRE COM EFICIENCIA SUA OBRIGAÇÃO, NO FORNECIMENTO DE MATERIAIS E ARMAS PARA A POLÍCIA?
L A D – A demanda de recursos para a dotação material é muito grande. Nos tempos anteriores, às vezes sofríamos com a falta de equipamentos, hoje, entretanto, isso não acontece e tanto a polícia militar quanto a polícia civil, tem recebido toda a atenção nesse aspecto.

Tiago Maiolino - O POLICIAL EM MINAS GERAIS PODE SE CONSIDERAR SATISFEITO COM SEU SALÁRIO, COMPARANDO AO DE 15 ANOS ATRÁS?
L A D – Hoje sim é satisfatório, mas em quinze anos atrás nós não ganhávamos nem dois salários mínimos.

Tiago Maiolino - COMO É A RELAÇAO VOLUME DE TRABALHO COM O PRAZO PARA SE CUMPRIR AS FORMALIDADES DE UM INQUERITO POLICIAL?
L A D – A criminalidade está crescendo a níveis assustadores e tem sido muito difícil dar acompanhamento par e passo a todas as diligências resultantes das investigações.

Tiago Maiolino - AS INTIMAÇÕES NECESSÁRIAS PARA AS PESSOAS ENVOLVIDAS NO INQUERITO POLICIAL PODEM SER FEITAS DIRETAMENTE PELO ESCRIVÃO OU TEM DE SER FEITAS POR UM DELEGADO?
L A D – Pela norma vigente, a autoridade policial, ou seja, o Delegado de polícia é quem deve assinar os documentos nesse sentido, cabendo ao agente, sair a campo e dar-lhe o cumprimento

A Procura pela boa forma

Por: João Gilberto Neto

Adriana Silva Cruvinel é uma nutricionista formada na Uniube que trabalha com funcionários de algumas empresas presentes em Uberaba. Aos 28 anos, diz que o principal segredo para se ter uma boa saúde é a alimentação balanceada e regrada. Necessitando também a prática de atividade esportiva. Nesta entrevista ela fala um pouco sobre seu trabalho.
A nutricionista Adriana que trabalha no desenvolvimento de uma boa alimentação para a faixa adulta fala também sobre obesidade

João Gilberto Neto: Por que você escolheu a nutrição como profissão?
Adriana: Porque queria ingressar em um curso superior na área de saúde. A opção pelo curso de nutrição deve-se ao fato de que o profissional de nutrição pode atuar em diversas áreas e beneficiar a saúde das pessoas através de uma alimentação correta e saudável.

JGN: Quais os fatores de risco que levam a obesidade?
A: Dentro dos principais fatores de risco que podem desencadear um quadro de obesidade em um individuo podemos destacar: o Consumo excessivo de alimentos hipercalórico; a ausência de atividade física; a alta ingestão de alimentos industrializados; mastigação rápida; horários irregulares das refeições.

JGN: Quais os cuidados que um profissional deve ter na hora de elaborar uma prescrição dietética?
A: Sempre que for descrever um plano alimentar para um individuo deve-se levar em conta o sexo da pessoa, assim como a idade, atividade física, o peso e a altura. Pode-se dizer que a prescrição dietética elaborada por um nutricionista é personalizada e segue os princípios da Pirâmide Alimentar.

JGN: Planos de saúde cobrem este tipo de tratamento?
A: Atualmente existem planos de saúde que cobrem o acompanhamento nutricional, porem há a necessidade de abranger a cobertura de outros planos, assim como rever o valor da consulta pago aos profissionais. Podemos citar planos como: UNIMED, Forluz, Cartão Vida.

JGN: Qual o perfil de seus pacientes?
A: Na maioria dos atendimentos o diagnóstico nutricional dos pacientes apresenta sobrepeso ou obesidade, porém há casos em que um indivíduo apresenta diagnóstico nutricional eutrófico e solicita o acompanhamento com profissional da nutrição com objetivo de otimizar sua alimentação.

JGN: Além do consultório, onde mais o nutricionista pode atuar?
A: O nutricionista pode estar atuando tanto em clínica quanto em restaurantes, hotéis, creches, hospitais, academias, e em diversas políticas públicas que promovem a saúde, como a Alimentação Escolar e o Programa Saúde da Família.

JGN: Seus pacientes originam de empresas ou são mais de planos particulares?
A: A maioria dos meus pacientes são provenientes de empresas, as quais realizam previamente consultas periódicas, onde é constatado a necessidade ou não de um acompanhamento nutricional. Mas também são realizadas consultas particulares.

JGN: Qual o conselho que você daria aos jovens de hoje quanto à alimentação?
A: Eu aconselharia a população em geral que para alcançar uma alimentação balanceada é necessário consumir alimentos ricos em fibras (como frutas e legumes); baixa ingestão de açúcar; pequenos intervalos sem se alimentar; praticar atividade física.

JGN: Exercício físico é uma forte arma contra a obesidade?
A: Sim. Pois somente através da atividade física pode se obter a oxidação (queima) da gordura corporal, associado a uma reeducação alimentar.

JGN: Você, durante a faculdade participou de algum evento beneficente que ajuda o pessoal mais necessitado?
A: Durante os estágios eram realizados encontros em creches, Unidade Básica de saúde; escolas nas quais eram voltadas para haver melhorias na alimentação da população atendida.

Vida de Gari - “Para ser Feliz basta ser feliz”

Por: Pedro Cardoso

Lílian Borges Ribeiro, 22 anos, nascida em Uberaba, casada, com duas filhas, trabalha como gari em Uberaba, há dois anos. Estudou somente até a sétima série e parou para ajudar a família em casa. Aos 09 anos trabalhou como dama de companhia, já que sua mãe estava de resguardo e não podia trabalhar. Ela conta também que mesmo trabalhando desde aos nove anos nunca teve carteira assinada. Muito simples e de sorriso solto Lílian abre seu coração e conta qual o segredo da realização profissional e mais; fala que qualquer um pode ser feliz, basta querer. Simples e com vontade de trabalhar a gari é um exemplo de chefe de família. Jovem e sem preocupações comuns de outros jovens da idade dela Lílian também é exemplo desde os adolescentes até mulheres adultas.
Com seu português simplório Lílian diz por que tem orgulho de ser gari.

Por que você escolheu a profissão de gari?
Uai, fui entregar currículo para todas as bandas e apareceu esse serviço para mim trabalhar.

Você tem orgulho de ser gari?
Sim, tenho

Por que você tem orgulho de ser gari?
Porque é um trabalho comum, igualzinho os outros.

Esse sentimento de orgulho é comum entre os outros garis?
Não. Algumas pessoas não querem trabalhar por ter vergonha.

Vergonha exatamente de que?
Porque nós trabalhamos catando lixo e com a roupa suja.

Você já foi humilhada por ser gari?
Não, mas eu já senti vergonha. Mas hoje eu sinto orgulho

Os Uberabenses têm educação ambiental?
Não, as pessoas jogam lixo no chão, destroem as lixeiras, a gente termina de limpar eles vão e jogam lixo em cima.

O que você acha que deve ser feito para melhorar?
Deve ser feito uma lei que multa e proíbe as pessoas de jogarem lixo no chão

Para você, estudar é importante?
Sim, se eu pudesse eu voltava a estudar. As minhas duas filhas estudam, quero que elas tenham um futuro diferente do meu.

Você faria faculdade?
Eu chegava lá (risos). Eu acho muito bonito.

Em que você se formaria?
Eu gostaria de me formar para cuidar dos bebezinhos dos hospitais

Qual o segredo de se realizar profissionalmente?
O segredo é ser feliz, para ser feliz basta ser feliz.

Vencedora, sim senhor!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Por: Rona Abdala

Ana Claudia Martins ou apenas Claudia, considera-se uma vencedora. Aos 27 anos, Claudia, que atualmente reside em Uberaba e está cursando o ensino médio é uma daquelas mulheres de se tirar o chapéu. Ainda na infância deixou os estudos para poder trabalhar e ajudar a mãe com as despesas da casa e hoje, ela assume a frente e cuida sozinha da família. Apesar de todas as dificuldades. Ela usa o bom humor e a criatividade para seguir sem estresses. Nessa entrevista, ela conta um pouco sobre o seu trabalho e fala também sobre o relacionamento conturbado que teve e das agressões que sofreu.

Rona: Porque você se considera uma vencedora?
Claudia: Não é fácil viver e manter uma casa nos dias de hoje, você precisa ser guerreira. Já passei por tudo nessa vida. Necessidade das coisas, fome, desespero quando eu tive meningite e, recentemente eu passei por um momento difícil na minha vida. No meu último relacionamento, eu sofri agressões físicas, por conta do ciúme doentio que o meu namorado sentia. Eu não podia ir até a esquina sozinha que tudo era motivo para brigas e, sempre com as brigas, vinham às agressões e eu acabava sofrendo por ser o lado mais fraco da corda. E também porque desde a infância, que eu não tive muito, eu trabalhei para ajudar a minha mãe em casa. Deixei os estudos para que não faltasse nada dentro de casa. Eu me considero uma vencedora por ter pulado todas as pedras do caminho e apesar dos tropeços, estou inteira.

Rona: O que você considera ser o lado mais fraco da corda?
Claudia: Ah! Vários motivos, primeiro o fato de ser mulher e ter bem menos força que um homem e depois, porque ele sabia tudo da minha vida, sabia que se ele me ameaçasse eu iria passar o dia todo com medo. Refém mesmo...

Rona: Você disse que não tem mais contato com ele. Se você se considerava refém dele, de onde veio à força para terminar o relacionamento?
Claudia: Na verdade não veio força. Eu simplesmente um dia acordei e decidi que não iria mais passar por tudo isso, as humilhações, as agressões, ameaças e tudo que ele fazia para mim. Eu peguei minha mãe e decidi me mudar e por um bom tempo, e vivi praticamente escondida, correndo e com medo. Hoje eu estou mais tranqüila, porque também não posso viver correndo dele para sempre. Mas foi uma fase muito difícil da minha vida. Só eu e minha mãe sabemos o que passamos! Aprendi a dar valor na minha liberdade.

Rona: Atualmente você trabalha em que?
Claudia: Ixi! (risos) Eu, na verdade não tenho uma renda fixa. Eu trabalho por conta própria. Duas ou três vezes ao ano, eu vendo café da manhã para tratadores. Esses que vem trazer os gados para os leilões, julgamento na exposição. Nesse trabalho, eu consigo tirar um dinheiro bom, que dá pra manter a casa por um tempo. Ralo muito, nos dias eu não tenho descanso, mas é uma renda que me ajuda muito. Não dá pra viver no luxo, mas também não vivo no lixo (risos). Além disso, eu também vendo roupas, que busco em Goiânia e há pouco tempo eu comecei a lavar roupa para uma família, para completar um pouco a renda.


Rona: Você disse que interrompeu os estudos para trabalhar e ajudar a sua mãe nas despesas da casa. Pra você, o estudo hoje faz falta?
Claudia: Muita falta. Muita mesmo. Eu parei tem muitos anos! Esse ano eu voltei na intenção de terminar. Mas como tem muito tempo que eu não entrava numa sala de aula, eu ainda tenho certa dificuldade.

Rona: Sua mãe apoiou a sua volta aos estudos?
Claudia: Ela foi a pessoa que mais me incentivou. Vive dizendo que se sente um pouco culpada por eu não ter terminado os estudos em tempo.

Rona: Depois que concluir o ensino médio, pretende continuar os estudos?
Claudia: Minha meta por enquanto é o ensino médio. Quero arrumar um emprego fixo, para ter uma segurança para mim e pra minha mãe. Mas quem sabe um dia eu viro doutora! (risos)

Rona: E você gosta do que faz?
Claudia: Tenho que gostar! Não faço nada mal feito e nem por fazer. Eu tento ser digna do dinheiro que recebo.

Rona: Se você pudesse voltar atrás e mudar alguma coisa, o que você mudaria?
Claudia: Acho que eu não mudaria nada. Tudo me serviu de aprendizado e crescimento. Talvez eu tivesse um pouco mais de cuidado com os meus relacionamentos, porque antes de me machucar, eu sei o quanto minha mãe sofre com isso.

Rona: E se você pudesse fazer um pedido pro futuro?
Claudia: Paz e saúde. O resto à gente consegue trabalhando.

Oportunidades

Por: Rafael Torres

Mariza Alves Rodrigues casada há 43 anos, tem três filhos, sendo uma mulher e os outros homens. Saiu de Tupaciguara e veio para Uberaba, já viveu com os movimentos da cidade, mas passou muitos anos também com a sua família na tranqüilidade da roça. Mariza é voluntária na AMUR e também no Instituto dos Cegos em Uberaba, portanto um lado no campo e outro no urbano.

1- Como surgiu a iniciativa do trabalho voluntário?
- Ambas surgiram através de convites, na AMUR Mara Costa que também é integrante e no Instituto de Lucy Aragão. Mariza estava triste, não queria ficar parada depois da mudança de Tupaciguara para Uberaba.

2- A família foi contra?
- Não, pelo contrário, eles admiraram, deram muito apoio.

3- Para uma pessoa que é contra o voluntariado, qual é o seu recado?
- Devemos pensar no espírito, no outro, não só em objetos, na gente.

4- Tanto um quanto o outro, qual é a sua função?
- Ambos fazem trabalhos de artesanatos.

5- Teve algum dia em especial que você não esquece de forma alguma?
- Tenho uma conhecida que ela é cega. Um dia cheguei perto dela com um trabalho e perguntei o que ela imaginava e ela respondeu corretamente depois de pegar no trabalho que era realizado a partir de fuxico e o objeto era uma toalha. Fiquei muito emocionada e não dá para esquecer de forma alguma.

6- Como é o trabalho em grupo?
- Ele é muito importante. Um aprende com o outro.

7- Como à senhora se sente com os projetos extras que acontecem?
- São gratificantes, os seus trabalhos são reconhecidos.

8- O que podemos ganhar além do amor ao próximo em um trabalho voluntário?
- Ganhamos uma paz, sentimos o bem, ajuda até nos problemas de saúde, pessoais.

9- A senhora pensa em passar o trabalho voluntário para a família, ou seja, que eles continuem?
- Se Deus quiser

10- E a emoção como fica em um final de uma etapa?
- Quase que não cabe no peito de tão grande, é um show.

O mestre das escrituras

Por: Marcela Matarim

Há 38 anos sendo escrevente, João Augusto Corrêa de Freitas nasceu no dia 15 de fevereiro de 1950. Hoje tem 60 anos e é pai de dois filhos, Cláudio e Carlos Renato, ambos moram em São Paulo e são médicos. João Augusto formou-se em Direito no ano de 1978, na Universidade de Uberaba. Já fez mais de 8.000 escrituras, o que equivale a 7,5% de todo o mercado imobiliário da cidade de Uberaba. E apesar de tanto tempo fazendo aparentemente a mesma coisa, ele afirma que as circunstâncias e a diversidade de pessoas não deixam o serviço cair na rotina. Sua paixão por esse trabalho é grande e ele nem pensa em aposentar.

Marcela Matarim - Você teve outras profissões antes de ser escrevente?
João Augusto - Comecei a trabalhar no Cartório do 3º Ofício, no período de 1962 a 1968, como auxiliar de cartório. No período de 1968 a 1972, trabalhei no Uberaba Country Club, Auto Peças Brasil, Imobiliária Dantês e no Bradesco. De julho de 1972 a agosto de 1987, trabalhei como escrevente no cartório do 2º Ofício. Em setembro de 1987, devido a uma proposta irrecusável, voltei a trabalhar no cartório do 3º Ofício, dessa vez como escrevente, onde estou até hoje.

M - Você começou a ser escrevente por gosto ou levado por alguma outra circunstância?
J.A. - Pela necessidade do próprio cartório.

M - Se você pudesse voltar no tempo, você seguiria a mesma profissão?
J.A. - Não tenho dúvida disso, claro que seguiria, pois faço aquilo que gosto.

M - Quais as principais dificuldades enfrentadas no dia-a-dia do seu trabalho?
J.A. - Não vejo como dificuldade, acho que cada momento da vida você vive algum tipo de obstáculo, e vai suplantando um a um. Mas não vejo dificuldade não.

M - E as principais curiosidades nesse ambiente?
J.A. - Sendo escrevente há tantos anos, tenho a possibilidade de atender várias gerações da mesma família, como é o caso de José Barbosa. Atendi seus filhos Antonio e Rui, seus netos Marco Túlio, Marco Aurélio, Marco Antonio e outros, e alguns de seus bisnetos. Isso também se repetiu em relação ao senhor Alceu Vilela de Andrade e outros clientes dos quais não lembro os nomes.

M - O que o leva a exercer há tanto tempo a mesma profissão?
J.A. - A convivência com as pessoas e o prazer de exercer a profissão.

M - Cite algum fato que marcou sua carreira.
J.A. - Um fato que marcou a minha carreira foi o prazer de ter escriturado um imóvel, onde hoje funciona a Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Isso para mim foi um marco prazeroso. Ter feito também a escritura de onde funciona hoje boa parte da Universidade de Uberaba, principalmente a parte rural da Universidade. Outro fato que marcou também foi de ter acompanhado o desenvolvimento da cidade, como o lançamento do Parque das Américas, Parque das Gameleiras, Bairro Olinda, Tutunas e outros mais. A cidade em 1962 deveria ter uma população aproximada de 80.000 habitantes e hoje tem aproximadamente 300.000 habitantes.

M - A que você atribui uma clientela tão grande? Como você define seu sucesso?
J.A. - Persistência, bom relacionamento e sempre buscando mais conhecimento para atender bem.

M - Você se considera realizado financeiramente?
J.A. - Estou correndo atrás ainda, mas me sinto gratificado com tudo que já consegui.

M - Que dica você dá para quem está ingressando no mercado de trabalho?
J.A. - Persistência, estudo e dedicação exclusiva.


Introdução ao Jornalismo - aula 27

No último horário desta terça-feira, a professora falou sobre os outros tipos de leads.

Lead contraste - revela fatos diferentes e antagônicos

Lead chavão - cita um ditado ou slogan

Lead documentário - serve de base histórica

Lead direto - anuncia a notícia sem rodeios, indo direto ao fato

Lead pessoal - fala ao leitor

Após as explicações, Indiara devolveu as folhas de explicações sobre os leads e pediu para que completássemos com os outros leads estudados na sala. Na sequência, terminamos a aula

Introdução ao Jornalismo - aula 26

Terça-feira dia 13 de abril foi à vigésima quinta aula de Teoria e Introdução ao Jornalismo. Indiara Ferreira falou sobre as “Classificações das Entrevistas.”

As entrevistas podem ser classificadas sobre quatro aspectos:

1 – Como geradora de matérias jornalísticas

a) entrevistas de rotinas

b) entrevistas caracterizadas

2 – Quanto aos entrevistadores

a) entrevistas individuais

b) entrevistas de grupos (enquete e pesquisas em geral)

3 – Quanto aos entrevistados


a) entrevista pessoal exclusiva

b) entrevista coletiva

4 – Quanto ao conteúdo

a) entrevistas informativas

b) entrevistas opinativas

Ilustrativas ou bibliográfica

Introdução ao Jornalismo - aula 25

Na aula dessa segunda-feira, Indiara pediu para que cada aluno fizesse um exemplo dos 7 tipos de leads estudados na aula anterior. E assim fizemos, no final da aula entregamos para a professora.

Introdução ao Jornalismo - aula 23/24

Palestra Gustavo Borges

O ex-nadador Gustavo Borges fez a abertura do evento promovido pelo Sebrae, "Meu 1º Negócio", através de uma palestra no Centro de Eventos da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). Na ocasião, o ex-atleta discorreu sobre um paralelo entre o esporte e o mundo corporativo, abordando questões relacionadas a planejamento, dedicação, motivação, inovação, definição de prioridades e metas decisivas na carreira e nos negócios.
O nadador falou também das suas experiências desde quando saiu do esporte e se tornou empresário citando algumas características comuns no mundo empreendedor e no esporte. Ele frisou que em ambos a pessoa deve se comprometer com aquilo que faz e fazer com prazer.


Os alunos do 1º período de jornalismo compareceram a palestra, acompanhados da professora Indiara Ferreira.

Introdução ao Jornalismo - aula 22

Na aula do dia 05 de abril, a professora Indiara Ferreira pediu que sentássemos em circulo. Ela falou sobre os tipos de leads e deu exemplos de cada um. Existem vários tipos de leads, tanto quanto permitir a imaginação do jornalista que os redigir. Esses são os principais que estudamos nessa aula:

Lead simples - refere-se apenas a um fato principal

Lead composto - anuncia vários fatos importantes, abrindo a notícia

Lead integral - dá noção perfeita e completa do fato

Lead suspense ou dramático - provoca emoção em quem o lê

Lead-flash - flash, jornalisticamente, quer dizer relâmpago, ou introdução lacônica de uma notícia

Lead resumo - conta praticamente tudo o que ocorreu ou vai ocorrer

Lead citação - transcreve um pronunciamento

Atenção 1º Período

terça-feira, 13 de abril de 2010

Alunos, vocês deveram levar para aula desta terça-feira a entrevista ping pong que a Indiara entregou ontem. Caso tenha alguma dúvida sobre a correção da mesma, aproveite esta aula para esclarecer.

Vocês deveram corrigir os erros da entrevista e me enviar por e-mail ou entregar no CD e Pen Drive, pois irei postá-las no blog. Lembrando que vocês deveram fazer isso o quanto antes, porque também vale pontos na disciplina.

Reforçando: vocês deveram levar a entrevista ping pong entregue pela Indiara, na aula desta terça-feira 13/04/2010.

Introdução ao Jornalismo - aula 21

sábado, 10 de abril de 2010

No último horário da aula desta terça-feira, formamos os mesmos grupos do seminário e corrigimos as provas. Indiara entregou a cada aluno uma prova do colega e um gabarito para auxiliar a correção dos grupos. Depois devolvemos para a professora e terminamos a aula.

Introdução ao Jornalismo - aula 20

Nesta terça-feira fizemos a primeira prova do semestre. Indiara elaborou a avaliação com questões estudadas na sala, com os textos do Observatório da Imprensa e com base no seminário sobre: Jornalismo no Mundo, Jornalismo no Brasil e Jornalismo em Uberaba.

Uma prova fácil. Quem estudou, com certeza saiu bem nessa primeira avaliação.

Introdução ao Jornalismo - aula 19

Na segunda-feira dia 29/03 a professora Indiara chegou na sala e explicou novamente sobre os seis elementos do Lead. Em seguinda, ela pediu que saíssemos pelo campus em busca de uma notícia. Deveríamos fazer a reportagem com todos os elementos do Lead. No final da aula, retornamos para a sala e entregamos o matérial para a Indi.

Introdução ao Jornalismo - aula 18

Na segunda aula do dia 23 de março, fizemos um trabalho em grupo. Cada aluno escolheu uma notícia do jornal impresso, recortou e teve que encontrar os seis elementos do Lead. Depois deveríamos transcrever para o papel.

Lembrando que as perguntas do Lead são:

* Quem
* Que
* Quando
* Onde
* Como
* Porque

E assim fizemos, entregamos para a Indiara e na sequência encerramos a aula.

Introdução ao Jornalismo - aula 17

Dia 23 de março foi a décima sétima aula dessa disciplina. Indiara passou no quadro “As Técnicas de apresentação das Matérias.” Em seguida explicou sobre o tema: Pirâmides da Notícia.

Pirâmide Invertida:

a) entrada ou fatos culminantes
b) fatos importantes ligados à entrada
c) por menores interesses
d) detalhes dispensáveis

Formas literárias (Pirâmide normal):

a) detalhes da introdução
b) fatos de crescente importância, visando criar suspense
c) fatos culminantes
d) desenhasse

Sistema misto:

a) fatos culminantes (entrada)
b) narração em ordem cronológica

Elementos do Lead:

Parágrafo sintético, vivo, leve, com que se inicia a notícia, na tentativa de prender a atenção do leitor. Compreende seis perguntas: quem, que, quando, onde, como e porque.

Fascinantes histórias de vida de pessoas comuns - eis a especialidade de Eliane Brum

terça-feira, 6 de abril de 2010

Imagem: Maurício Clareto

A jornalista Eliane Brum sempre olhou para a vida e para as pessoas de uma maneira diferente. Nascida em Ijuí, no Rio Grande do Sul, há 40 anos, lembra que ainda na infância olhava para as luzes acesas dentro das casas dos moradores da cidade e imaginava como cada um vivia, o que os fazia rir ou chorar. Formou-se em jornalismo pela PUC, e logo começou a trabalhar no jornal Zero Hora em Porto Alegre, onde ficou por 11 anos. No jornal, fez um dos trabalhos que considera como dos mais especiais que já realizou: “A vida que ninguém vê” – uma coluna publicada nas edições de sábado no final dos anos 90 contando histórias da vida real. “Sempre gostei das histórias pequenas e comuns. Na coluna, eu tinha liberdade para escrever do meu jeito. Eu também fui transformada por esse trabalho e aprendi muito com todas as pessoas e suas histórias.” No final do ano passado, os textos de ''A vida que ninguém vê'' viraram um livro com o mesmo nome, recheado de 21 histórias emocionantes, alegres, dramáticas. Impossível é ler e não se emocionar. Há 6 anos, a jornalista recebeu o convite para ser repórter especial da revista Época, em São Paulo. Aceitou o desafio e lá está até hoje. Com vocês, um pouco mais de Eliane Brum:

Qual o segredo para encontrar histórias tão interessantes no dia-a-dia?
Para encontrar histórias para a “A vida que ninguém vê”, às vezes, eu simplesmente perambulava pela rua. Lembro-me de uma vez, em que sentei na Rua da Praia, e esperei a primeira pessoa que viesse falar comigo. Veio um menino, que estava junto com seu irmão menor, ele viu o meu bloco e perguntou se eu era repórter. Ele disse que estava angustiado, e queria contar a história dele. Era um chefe de família precoce, tirando o lugar do próprio pai dentro de casa. Lembro que fui com ele até a sua casa, e era uma casa muito simples, o pai estava sentado na única poltrona. O menino chegou em casa, o pai levantou, e ele é que sentou na poltrona. Como contar uma história dessas?

Como você lida com a responsabilidade que envolve contar a vida de alguém?
Para mim, a responsabilidade de entrevistar uma pessoa e recontar sua história de vida é o que pesa mais, o que me faz mais sofrer, e também é a melhor parte de ser jornalista. Acho que a gente não entra na vida dos outros impunemente, somos transformados pelo contato com o outro, pelo o que vemos, pelo que ouvimos. Quando termino a apuração, me sinto extremamente responsável. Tantas coisas neste processo exigem tanta responsabilidade, contar a história de alguém é muito importante. É, ao mesmo tempo, o que me move e me faz sofrer. No processo entre a apuração e a escrita do texto, perco o sono, tenho insônia, fico pensando se eu vou conseguir e, depois do texto pronto, fico com medo de não ter conseguido. Fico acordando no meio da madrugada, pensando se poderia ter contado determinada coisa de um outro jeito. Isso até a pessoa me falar que leu, que se enxergou, que gostou da matéria. Não entendo os jornalistas que não percebem a responsabilidade que vem junto com nosso trabalho. Nós que entramos em contato com o entrevistado, e é em nós que ele confia, para que contemos direito sua história.

No livro ''A vida que ninguém vê'', há algumas histórias difíceis, fortes. Como conduziu os momentos de vulnerabilidade dos entrevistados?
Nas entrevistas, tento lidar com delicadeza com os momentos de vulnerabilidade dos entrevistados. Quando estou cruzando os limites, tenho um faro que me diz para parar de perguntar. Eu faço questão de dizer que não arranco nada de ninguém. As pessoas só me contam porque querem contar, ou porque sabem que vou tratar os assuntos mais difíceis com delicadeza. Às vezes, deixo de fazer aquela pergunta que talvez fosse chave na entrevista, porque posso até colocar o entrevistado em risco, e não tenho esse direito. Nenhuma matéria é mais importante do que as pessoas. Quando fiz a matéria sobre as mães do tráfico, entrevistei uma mulher que havia perdido os dois filhos, e o marido estava no hospital. Ele culpava ela pela morte dos filhos, e batia muito nela por causa disso. Um pouco antes de sair da casa dela, confirmei se podia colocar seu nome na história, se não havia risco. Ela disse que eu poderia colocar, sem medo, “é tudo verdade mesmo”, disse. Não coloquei por minha conta, porque acho que este é um cuidado fundamental que se tem que ter; afinal, a gente vai embora, mas eles ficam. E as pessoas que entrevistamos, na maioria das vezes, não tem idéia de repercussão da matéria.

O que estas histórias e pessoas têm em comum?
Para mim, o que une os personagens da vida que ninguém vê é a capacidade de redenção que elas têm. As pessoas me dizem “tu só gosta de gente pobre, de gente que sofre”. Eu digo que quem me fala isso não entendeu nada. Eu me interesso pelas pessoas que se entregam na vida, e que neste processo, podem perder dentes e muitas outras coisas, mas que tem sonhos. Em comum, estes personagens têm a capacidade de reinventarem a vida e a sua história, o que eu acho mais lindo. Pessoas que transformam as adversidades em reinvenção. Tipo aquele gaúcho que entrevistei na Expointer e que acreditava que seu cavalo de pau era um cavalo real, e as pessoas diziam que ele era louco. Ele me falou que inventava o cavalo, que sabia que não era real, mas queria dar um sentido pra ele. E dava um sentido para a própria vida.


Acompanhe semanalmente na Revista Época as matérias de Eliane Brum. E aceite nossa dica: leia o livro O Olho da Rua. Tem cada história...


Veja a entrevista na íntegra.